ISSN:2238-6408 (online)
Jean Bosco Kakozi Kashindi - UNILA

Resumo: A filosofia ubuntu está embasada numa concepção de humanidade includente, aberta e de interdependência vital. Tanto os seres humanos quanto os seres não humanos são incluídos numa “comunidade cósmica de vida”. Além disso, o ser humano (o muntu) é axiologicamente constituído, isto é, o muntu é valioso independentemente do status social, político, econômico ou de outra índole. Esta concepção do ser humano ou da humanidade contrasta daquela que encontramos no alicerce teórico-prático dos Direitos Humanos. Não é um segredo para ninguém que uma coisa é o que diz a “Declaração dos Direitos Humanos”, e outra coisa a efetivação dos mesmos. É muito comum dar-se conta de que, tanto no nível nacional quanto no internacional, a concretização dos Direitos Humanos é seletiva, depende da “raça”, classe social, gênero, origem geográfica, religião… Esse fato, não minha opinião, explica-se pelo “selo de origem” da “Declaração dos Direitos Humanos”. Pois, a “Declaração” nasce e embasa-se numa racionalidade ocidental cuja sociedade e/ou homem ideias são liberal, burguês, proprietário, cristão e pai de família. Aquilo que não couber nesse padrão, quase não existe, portanto, não pode ser considerado como “sujeito de direito”. Assim pode entender-se que, no mesmo momento que os países “ocidentais” concebiam e adoptavam a “Declaração dos Direitos Humanos”, estavam violando-os nas colônias que tinham na África e Ásia. Isto é o que Ubuntu denuncia.

 

Palavras-chave: Ubuntu, Direitos humanos, racionalidade ocidental, racismo.

 

Abstract: Ubuntu philosophy is based on an inclusive, open conception of humanity and vital interdependence. Both human beings and non-human beings are included in a “cosmic community of life.” In addition, human being (muntu) is axiologically constituted, that is, muntu is invaluable regardless of social, political, and economic status. This conception of the human being or humanness contrasts with that found in the theoretical-practical foundation of Human Rights. However, it is an open secret that the “Declaration of Human Rights” says one thing while the effectiveness of the same rights is a different story altogether. It is very common to recognize that at the national or international level, the realization of Human Rights is selective. It depends on “race”, social class, gender, geographical origin, religion etc. This fact arises from the Declaration of Human Rights “stamp of origin” because the “Declaration” arose and is actually based on a Western rationality whose society and/or man’s ideals are liberal, bourgeois, about property ownership, Christian and premised on fatherhood. What does not fit in this pattern, does not exist and therefore, cannot be considered as “subject of right”. Thus, it can be understood that at the same time that the Western countries conceived and adopted the “Declaration of Human Rights,” they were violating these same rights in their colonies in Africa and Asia. This goes against what the philosophy of Ubuntu stands for.

 

Keywords: Ubuntu, Human Rights, Western rationality, racism..