Resumo: Utilizando o método fenomenológico-existencial, Beauvoir mostra que o homem nunca se coincide consigo mesmo, seu Para-si não é idêntico ao seu Em-si, pois, se o fosse, seria um ser pleno ao qual nada se poderia acrescentar. Ao contrário, o homem está imerso nos projetos nos quais se imiscui, ele precisa se fazer ser, transcender a si mesmo, não para querer ser, mas para querer desvelar o ser. A partir das obras que se situam entre 1944 e 1948 – as quais compõem a primeira fase do pensamento de Beauvoir, anteriores a O segundo sexo e à sua adesão ao marxismo – defendemos neste artigo uma leitura que propicia uma interpretação de uma ontologia fenomenológico-existencial baseada no conceito de ambiguidade, o qual está diretamente vinculado à transcêndencia e à liberdade. Definimos, assim, como nosso escopo a explanação da ontologia da ambiguidade que subjaz ao pensamento de Simone de Beauvoir.
Palavras-chave: Simone de Beauvoir. Ontologia. Ambiguidade. Homem. Liberdade.
Abstract: Using phenomenological-existential method, Beauvoir shows that human never coincides with himself, that is, his For-itself is not identical to his In-itself, because if it were, he would be a full being, to which nothing could be accrue. Instead, the human is immersed in projects in which meddles, he needs to make himself, to transcend himself, don‟t for want to be, but for want disclosure the being. From the works between 1944-1948 – which compose the first period of Beauvoir‟s thoughts, preceding The second sex and her adherence to Marxism – we defend in this paper a reading that endorse an interpretation on a phenomenological-existential ontology based in the concept of ambiguity, which is directly linked with transcendence and freedom. We define as our scope the explanation of the ontology of ambiguity that underlies Beauvoir‟s thoughts.
Keywords: Simone de Beauvoir. Ontology. Ambiguity. Man. Freedom.