Resumo: O objetivo principal deste artigo é analisar quais são os desafios que a inteligência artifical (IA) forte deve superar conforme as críticas feitas por John Searle (1932*). As duas principais teses que Searle apresenta contra a IA forte são: (i) a semântica não é uma parte intrínseca da sintaxe e (ii) a sintaxe de uma linguagem não é uma propriedade intrínseca dos objetos físicos. Esses argumentos serão explicitados por meio de suas teorias da linguagem, da mente e da realidade social. No final, veremos que os argumentos searleanos são suficientes para demonstrar que um programa computacional qualquer não é capaz de gerar mentes como as nossas, porém isso não significa que a tese de que computadores digitais poderão um dia possuir estados mentais como propriedades emergentes seja impossível do ponto de vista lógico. No entanto, os desafios que os idealizadores da IA forte enfrentam são difíceis, visto que nossas mentes não possuem apenas uma estrutura sintática e formal, mas também um conteúdo semântico e a capacidade de compreender esse conteúdo.
Palavras-chave: Searle; IA; Naturalismo Biológico; Mente; Linguagem.
Abstract: The main objective of this article is to analyze which challenges strong artificial intelligence (AI) must overcome according to the criticisms made by John Searle (1932*). The two main theses that Searle presents against strong AI are: (i) semantics is not an intrinsic part of syntax and (ii) the syntax of a language is not an intrinsic property of physical objects. These arguments will be made explicit through his theories of language, mind, and social reality. In the end, we will see that the Searlean arguments are sufficient to demonstrate that any computer program is not capable of generating minds like ours, but this does not mean that the thesis that digital computers may one day possess mental states as emerging properties is impossible from a logical point of view. However, the challenges that the creators of strong AI face are difficult, since our minds do not only have a syntactic and formal structure, but also a semantic content and the ability to understand this content.
Keywords: Searle; IA; Biological Naturalism; Mind; Language.