ISSN:2238-6408 (online)
Rodrygo Rocha Macedo - UFSCar

Resumo: A proposta deste artigo é estabelecer pontos de contato, quanto ao tema da infinitude, entre as obras de Hegel  Ciência da lógica (1812-1816), a Enciclopédia das ciências filosóficas (1830) e as Lições sobre a filosofia da religião (1821-1831). A infinitude, na Lógica, apresenta-se como modo de resolução das oposições entre o ser e o seu outro, visto que cada um dos pólos dessa assimetria adquire a forma determinada de um finito. Para solucionar este conflito entre o ser e seu outro, é necessária a garantia de que tal determinação possa “perecer” e “passar” para outro finito, sem que tal processo de passagem seja interrompido. O horizonte infinito posto como uma possibilidade de mudança, neste contexto, asseguraria o resultado da suprassunção da passagem entre determinações do ser.  O “perecer” de uma determinação finita para outra determinação (também finita) confirma a meta imposta ao ser: para unir-se a seu próprio nada, derivando em “ser-aí” e também ser para-si, o ser deve negar-se e, finalmente, juntar-se “consigo mesmo”. Nas Lições sobre a filosofia da religião, por sua vez, encontra-se a subseção “O conceito de religião”, que discute, entre outros tópicos, a relação entre finitude e infinitude. Tal vínculo é submetido ao conceito de “mediação” (Vermittlung), cuja “função” seria evidenciar os extremos “finito” (o ser humano) e seu “outro” (Deus) e, sequencialmente, conectá-los, condicionando-lhes assim a existência interdependente. A abordagem da infinitude pela perspectiva da Filosofia da religião se ampara no argumento de que a filosofia que trata de Deus ocorre no âmbito “lógico”. Serão discutidas na apresentação as condicionantes adotadas por Hegel na filosofia da religião sobre o tema da infinitude, que segue explorado na Lógica. Outrossim, será examinada a natureza da “mediação” no tópico do infinito.

 

Palavras-chave: Hegel, lógica, religião, infinitude.

 

Abstract: The article aims to establish points of contact, regarding the subject of infinitude, between Hegel’s works Science of Logic (1812-1816), Encyclopedia of the Philosophical Sciences (1830) and Lectures on the Philosophy of Religion (1821-1831). Infinitude, in Logic, is presented as a way of settling the oppositions between being and its other, since each of the poles of this asymmetry acquires the determined form of a finite. To solve this conflict between being and its other, it is required to guarantee that such determination can “perish” and “pass” to another finite, without such a passing process being interrupted. The infinite horizon posited as a possibility of change, in this context, would ensure the result of the sublation of the passage between determinations of being. The “perishing” from one finite determination to another determination (also finite) confirms the goal imposed on being: in order to unite with its own nothingness, deriving in“being-there” and also being-for-itself, the being must deny itself and, finally, unite “with itself.” In the Lectures on the Philosophy of Religion, in turn, we find the subsection “The Concept of Religion,” which discusses, among other topics, the relationship between finitude and infinitude. Such link is submitted to the concept of “mediation” (Vermittlung), whose “function” would be to highlight the “finite” extremes (the human being) and its “other” (God), sequentially connecting them, thus conditioning their interdependent existence. The approach to infinity from the perspective of the philosophy of religion is based on the argument that philosophy dealing with God takes place in the “logical” realm. The presentation will discuss the conditions adopted by Hegel in the philosophy of religion on the theme of infinity, which is further explored in the Logic. Furthermore, the nature of “mediation” on the topic of infinity will be examined.

 

Keywords: Hegel, logic, religion, infinitude.