Resumo: Nosso ensaio busca discutir a Educação e a questão do ensino da Filosofia tomando como referência primeira o pensamento filosófico-pedagógico de G.W.F. Hegel (1770-1831), especialmente daqueles seus escritos relativos à questão da educação moderna. Na época em que se confrontavam na Alemanha duas concepções de educação: a dos filantropistas e dos neo-humanistas (entre os quais Humboldt, Goethe e o próprio Hegel). Neste período, Friedrich Niethammer (1766-1848) será o responsável pela reforma do ensino em Nüremberg. Para ele, o Humanismo estava fundado numa concepção de ‘formação cultural’ (Bildung) na qual se destacava a importância do estudo das línguas antigas e dos autores clássicos (greco-latinos) para a formação da personalidade total, em oposição à pedagogia moderna que enfatizava a educação prática. Neste contexto, ressaltamos o convite de F. Niethammer a Hegel para que este atue no Ginásio de Nüremberg, desenvolvendo assim sua concepção de Educação, enquanto formação cultural. Nosso ensaio propõe uma leitura retrospectiva que parte da Filosofia do Direito (1821), em especial sobre o conceito de educação dos filhos (parágrafos 173-180), agregando a isso uma reminiscência dos Discursos pedagógicos (1805-1815), que destacam o papel da Filosofia e seu ensino. Pretendemos assim, apresentar a concepção educacional hegeliana da maturidade e suas raízes neo-humanísticas do ensino da Filosofia nos Ginásios (Nuremberg, 1805-1815). Na Filosofia do Direito, Hegel expõe sua concepção de Educação no âmbito da moderna sociedade burguesa, enfatizando seu lugar como trânsito e dissolução da família, cuja principal tarefa seria a formação ética, como mediadora do âmbito da Família em direção à vida ética no Estado. Aqui destacamos o lugar da Filosofia nesse processo formativo teórico-prático.
Palavras-Chave: Educação; Filosofia; Eticidade.
Abstract: Our essay seeks to discuss Education and the question of teaching Philosophy taking as primary reference the philosophical-pedagogical thought of G.W.F. Hegel (1770-1831), especially those of his writings on the question of modern education. At a time when two conceptions of education were confronted in Germany: philanthropists and neo-humanists (among them Humboldt, Goethe and Hegel himself). During this period, Friedrich Niethammer (1766-1848) was responsible for the reform of education in Nuremberg. For him, Humanism was based on the concept of ‘cultural formation’ (Bildung) in which the importance of the study of ancient languages and classical (Greco-Latin) authors was emphasized for the formation of the total personality, as opposed to modern pedagogy emphasized practical education. In this context, we highlight F. Niethammer’s invitation to Hegel to act in the Gymnasium of Nuremberg, thus developing his conception of Education as cultural formation. Our essay proposes a retrospective reading of the Philosophy of Law (1821), especially on the concept of educating children (paras. 173-180), adding to it a reminiscence of the Pedagogical Discourses (1805-1815), which highlight the paper of Philosophy and its teaching. We thus intend to present the Hegelian educational conception of maturity and its neo-humanistic roots in the teaching of Philosophy at the Gyms (Nuremberg, 1805-1815). In Philosophy of Law, Hegel exposes his conception of Education in the sphere of modern bourgeois society, emphasizing its place as transit and dissolution of the family, whose main task would be ethical formation, as mediator of the Family sphere towards ethical life in the State. Here we highlight or place Philosophy in this theoretical-practical formative process.
Key-Words: Education; Philosophy; Ethics.