ISSN:2238-6408 (online)
Alisson Ramos de Souza - UFSCar

Resumo: Trata-se de revisitar o capítulo dedicado à certeza sensível, na Fenomenologia do espírito, de Hegel, a fim de reconstruir seus argumentos e mostrar o caráter incontornável da linguagem, o qual consideramos o solo pré-fenomenológico do Espírito. O hegelianismo, segundo a expressão de Lebrun, passa a ser compreendido como uma formidável máquina de linguagem. A Certeza Sensível é a primeira etapa de uma consciência singular (ingênua/natural) em direção ao Saber Absoluto, no qual se expõe uma tentativa de destruir a imediateidade, ou seja, o isto. O imediato é retido sob a forma da mediação, e não há, em última instância, uma singularidade imediata que, de algum modo, poderia se preservar do domínio da linguagem: não existe silêncio ontológico! Aliás, apenas a linguagem é capaz de dizer o silêncio. Noutras palavras, é preciso realizar inúmeras mediações para conceber o que se pretende como imediato. Portanto, o verdadeiro saber não está ao lado de uma experiência cega e tateante do imediato, mas ao lado da universalidade da linguagem.

 

Palavras-chave: Hegel; Certeza Sensível; Linguagem.

 

Abstract:It is about revisiting the chapter dedicated to sense-certainty, in Hegel’s Phenomenology of Spirit, in order to reconstruct his arguments and show the unavoidable character of language, which we consider the pre-phenomenological ground of Spirit. Hegelianism, according to Lebrun’s expression, comes to be understood as a formidable language machine. Sense-Certainty is the first stage of a singular consciousness (naive/natural) towards Absolute Knowledge, in which an attempt to destroy immediacy, that is, the this, is exposed. The immediate is retained in the form of mediation, and there is ultimately no immediate singularity that could somehow preserve itself from the domain of language : there is no ontological silence ! In fact, only language is capable of expressing silence. In other words, it is necessary to carry out numerous mediations to conceive what is intended as immediate. Therefore, true knowledge is not on the side of a blind and groping experience of the immediate, but on the side of the universality of language.

 

Keywords: Hegel; Sensitive Certainty; Language