Resumo: Visa-se entender a posição de Searle sobre a consciência como raison d’être de A Redescoberta da Mente e do “Naturalismo Biológico”. O eixo central da presente análise é o redimensionamento das noções de subjetivo e objetivo operado por Searle, em relação à tradição. A estrutura do artigo é centrada nas críticas de Searle a outros autores e considerações de suas afiliações com perspectivas em ciência. Começa-se mostrando como Searle cunha sua posição em contraponto ao dualismo tradicional. Depois, esclarece-se quais matrizes científicas ele considera mais alvissareiras para libertar a consciência da tradição metafísica. Posteriormente, analisa-se suas críticas ao materialismo de Armstrong e o “neuronalismo” de Changeux. Na sequência, o artigo analisa as críticas do autor às posições de Nagel, mostrando que suas teses diferem, substancialmente, no que concerne à naturalização da consciência. Analisa-se, outrossim, a franca oposição de Searle ao misterianismo de Colin McGinn e a defesa do mesmo da impossibilidade de se descortinar um elo entre consciência e cérebro. Em seguida, rápida consideração de Searle sobre Penfield é evocada para se tratar do problema da demarcação de estados conscientes. Por fim, apresenta-se, brevemente, a noção de “Background” e sua importância chave como marco unificador da consciência e seu caráter intencional.
Palavras-chave: Consciência; Searle; Naturalismo Biológico; Dualismo; Misterianismo.
Abstract: The article focuses on understanding how Searle’s philosophical standpoint in A Rediscovery of the Mind has consciousness as its main subject-matter which sets up the framework for his Biological Naturalism. The paper is structured around Searle’s recoinage of notions of “subjective” and “objective” and his critiques to different intellectual peers. We start analyzing Searle’s repudiation of traditional dualism. Then, we clarify the author’s relationship to scientific matrixes he considers more prospective to free consciousness from its traditional metaphysical assumptions. Then, we analyze his criticism towards Armstrong’s materialism and Changeux’s “neuronalism”, which Searle accuses to eliminate the inherent subjectivity of consciousness. Afterwards, we analyze his critiques to Nagel position and we show that Searle understands his position as importantly different from Nagel’s, concerning naturalization of consciousness. Then, we present Searle’s strong criticism to Colin McGinn’s Mysterianism and its defense of the impossibility of establishing a link between brain and consciousness. Also, a brief consideration of Penfield by Searle is analyzed to debate the issue of delimitation of conscious states. By way of conclusion, we briefly present Searle’s notion of Background and its capital importance as a unifying framework for consciousness in its intentional character.
Keywords: Consciousness; Searle; Biological Naturalism; Dualism; Mysterianism.