Resumo: Em Filosofia Analítica, há uma “doutrina recebida” sobre forma lógica e gramática que diz que é um exemplo paradigmático do caráter enganador da linguagem que, guiada pela gramática, a lógica tradicional confundiu sujeito gramatical e sujeito lógico e interpretado frases quantificacionais como expressões denotativas. A doutrina foi exposta e criticada por Alex Oliver em A few more remarks on logical form (1999). Neste artigo vou além da crítica de Oliver, buscando um melhor entendimento da relação entre lógica/filosofia e linguagem. De início, apresento a doutrina recebida, salientado suas conexões com a teoria das descrições definidas de Russell. A seguir, mostro como ela se baseia em uma versão da lógica tradicional que não se encontra em lugar algum na tradição. Então, argumento que, ainda que de forma diferente do que supõe a doutrina recebida, as distinções lógica e gramatical de sujeito-predicado de fato se confundiam na tradição lógica. Por fim, retornando à ideia do caráter enganoso da linguagem, apresento um entendimento alternativo que se encontra em Frege, e que se mostra muito mais profundo e sofisticado do que aquele originado em Russell.
Palavras-chave: forma lógica. Sujeito-predicado. Lógica tradicional. Frege. Russell.
Abstract: In Analytic Philosophy, there is a “received doctrine” on logical form and grammar which says that it is a paradigmatic example of the deceptive character of language that, guided by grammar, traditional logic has confused grammatical subject and logical subject and interpreted quantificational sentences as denotative expressions. This doctrine was exposed and criticized by Alex Oliver in A few more remarks on logical form (1999). In this article I go beyond Oliver’s critique, seeking a better understanding of the relationship between logic/philosophy and language. At first, I present the received doctrine, highlighting its connections with Russell’s theory of definite descriptions. Next, I show how it is based on a version of traditional logic that is nowhere to be found in the tradition. Then I argue that, although in a different way than the received doctrine supposes, the logical and grammatical distinctions of subject-predicate were in fact confused in the logical tradition. Finally, returning to the idea of the deceptive nature of language, I present an alternative understanding found in Frege, which is much deeper and more sophisticated than the one that originated with Russell.
Key-words: logical form. Subject-predicate. Traditional logic. Frege; Russell.