ISSN:2238-6408 (online)
Juliano Cordeiro da Costa Oliveira - UFPB

Resumo: Este artigo objetiva discutir a controvérsia do justo e do bem em Jürgen Habermas e Seyla Benhabib. Enquanto o filósofo alemão defende uma prioridade do justo em relação ao bem, Benhabib tenta reconciliar o justo e o bem, as questões de justiça com as de boa vida, à luz de uma releitura de Hegel, sem abandonar Kant e a modernidade. Para Habermas, apenas um critério discursivo de justiça, deliberativo, é capaz de fundamentar imparcialmente normas diante de um mundo marcado pelo pluralismo moderno dos modos de vida. É a deliberação que fundamenta os critérios normativos, e não uma visão de bem. Seyla Benhabib, porém, considera o risco de a ética comunicativa habermaniana desenvolver um tipo de abordagem rigorosamente formal. Segundo Benhabib, Habermas privilegiaria as chamadas questões de justiça, colocando em segundo plano as questões de boa vida. A hipótese deste artigo, seguindo as intuições de Benhabib, é a de que Habermas coloca em primeiro plano o formalismo e a deontologia da ética, desenvolvendo um tipo de universalismo que deixa em segundo plano as demandas de boa vida, por considerá-las apenas contextuais, sem universalidade. Num primeiro momento, explicitaremos as características essenciais do deontologismo habermasiano, na sua defesa do justo; em seguida, enfatizaremos a proposta de Benhabib de uma eticidade pós-convencional, assim como sua crítica a Habermas.

 

Palavras-chave: Justo. Bem. Habermas. Benhabib.

 

Abstract: This article aims to discuss the controversy of just and good in Jürgen Habermas and Seyla Benhabib. While the German philosopher defends a priority of the fair in relation to the good, Benhabib tries to reconcile the fair and the good, the issues of justice with those of good life, in the light of a rereading of Hegel, without abandoning Kant and modernity. For Habermas, only a discursive, deliberative criterion of justice is capable of impartially substantiating norms in a world marked by the modern pluralism of ways of life. It is the deliberation that bases the normative criteria, and not a vision of good. Seyla Benhabib, however, considers the risk of Habermanian communicative ethics developing a type of rigorously formal approach. According to Benhabib, Habermas would privilege the so-called questions of justice, putting questions of good life in the background. The hypothesis of this article, following Benhabib’s intuitions, is that Habermas puts the formalism and deontology of ethics in the foreground, developing a type of universalism that leaves the demands of a good life in the background, considering them only contextual, without universality. At first, we will explain the essential characteristics of Habermasian deontologism, in its defense of fairness; then we will emphasize Benhabib’s proposal of a post-conventional ethics, as well as her critique of Habermas.

 

Keywords: Fair. Good. Habermas. Benhabib.