RESUMO: esse artigo tenta esclarecer a aparente radicalidade presente no pensamento liberal de John Stuart Mill no que diz respeito à ideia de “liberdade de pensamento e de discussão”, capítulo central na obra OnLiberty (1859). Pretendemos demonstrar a impossibilidade de o autor admitir aquilo que pode ser considerado um “crime de opinião”. Liberdade de discussão e pensamento não são coisas dissociadas entre si, diferentes, no entanto, de uma ação moral prática. Mill é filiado da tradição antideterminista e deposita no indivíduo a responsabilidade das ações louváveis e censuráveis. Nesse sentido buscamos deixar clara uma distinção diametral entre uma tese moral consequencialista e o puro determinismo. Queremos afastar da liberdade de pensamento e discussão de qualquer tese, aparentemente, ligada à moralidade e posicioná-la no seu devido lugar: o ambiente político liberal.
PALAVRAS-CHAVE: liberalismo, utilitarismo, Mill
ABSTRACT: This article has the purpose of clarifying the apparent radicalism of John Stuart Mill’s liberal thought, mainly regarding his “liberty of thought and discussion” idea, itself a fundamental chapter of “On Liberty” (1859). We intend to demonstrate the author’s impossibility to admit a so-called “crime of opinion”. Though they do not represent different things per se, the liberties of thought and discussion do differ in the sense of a practical moral action. Himself a non-determinist thinker, Mill believed the individual to be accountable for both praiseful and reproachful actions. We therefore seek do develop a clear distinction between a moral consequentialist thesis and a pure determinism. By doing so, we might be in the position of keeping the “liberty of thought and discussion” safe from morality-based theses as well as placing it on its due place: the liberal political environment.
KEY-WORKS: liberalism, utilitarianism, Mill