Resumo: Nosso artigo tem como objetivo analisar o significado da religião na filosofia de Ludwig Feuerbach e Jürgen Habermas, estabelecendo um diálogo entre os dois pensadores. Para o primeiro, compreender Deus é, antes, compreender o homem. Segundo Feuerbach, quanto mais pobre e vazia a vida de um homem, mais rico e concreto será o Deus venerado pelos homens. O esvaziamento do mundo real e o enriquecimento da divindade constituem-se num único ato. Para Feuerbach, só na miséria do homem tem Deus o seu lugar de nascimento. Portanto, o sentimento do vazio necessita de um Deus que preencha tal vida. Habermas, por sua vez, reconhece a importância das tradições religiosas no trato de intuições morais profundas e na articulação daquilo que falta ou que se perdeu, não pretendendo despi-las de possíveis conteúdos racionais, nem desvalorizá-las como resíduos arcaicos de uma figura do espírito superada pelas ciências. As religiões, de acordo com Habermas, manteriam viva a sensibilidade para o que falhou no mundo secular, preservando, na memória, dimensões de nosso convívio pessoal e social, nas quais os processos de racionalização social e cultural provocaram danos irreparáveis. Já Feuerbach pretende resgatar o homem real, sensível, haja vista que este não pode ser pensado fora da realidade material. Segundo Feuerbach, a tarefa dos tempos modernos é a realização e a humanização de Deus, isto é, a transformação da teologia em antropologia, resgatando o homem à sua condição sensível. Habermas, todavia, argumenta que a razão secular não pode desprezar as intuições das religiões nos debates públicos.Ele defende que as religiões precisam, porém, traduzir suas intuições fundamentais para uma linguagem secular, havendo, nesse sentido, um processo de aprendizagem complementar entre secularismo e religião. Para Habermas, começa a prevalecer na sociedade pós-secular, e não mais apenas secular, a ideia de que tanto as mentalidades religiosas quanto as seculares precisam se modificar de forma reflexiva, em direção ao que Habermas chama de pós-secularismo.
Palavras-chave: Secularismo, Pós-secular, Religião, Feuerbach, Habermas.
Abstract: Our article have as objective analyses the religion’s meaning in the philosophy of Ludwig Feuerbach and Jürgen Habermas, setting a dialogue between the two philosophers. For the first, understand God is, previously, understand the man. According Feuerbach, the poorer and empty life is for a man, more rich and concrete will be the God worshiped by the men. The emptying of the real world and the richness of the divinity constitute a single act. For Feuerbach, God has your place of birth only in the man’s misery. Therefore, the feeling of emptiness needs a God who fulfills such a life. Habermas, in turn, recognizes the importance of the religious traditions in dealing with deep moral intuitions and in articulating what is missing or lost, not intending to strip them of intellectual content , or devalue them as an archaic waste as a figure surpassed by science. The religions, according to Habermas, keeps alive the sensibility for what is missing in the secular world, preserving, in the memory, dimensions of our personal and social interaction, in which the social and cultural rationalization process causes irreparable damage. Feuerbach, in the other hand, intends to rescue the real man, sensible, considering that this man cannot be thought outside of the material reality. According to Feuerbach, the modern ages’ task is the realization and the humanization of God, this is, the theology’s transformation in anthropology, rescuing the man to your condition of sensible man. Habermas, however, argues that the secular reason cannot despises the religious intuition in public debates. He defends that religion needs to translate your fundamental intuitions for a secular language, existing, in this way, a process of complementary learning between religion and secularism. For Habermas, begins to prevail in post secular society, and not only secular, the ideia that so much religious as secular needs to modify themselves in a reflexive form, toward what Habermas calls post-secularism.
Keywords. Secularism, Post secular, Religion, Feuerbach, Habermas.