Resumo: O artigo trata do “fim do socialismo” no âmbito das crises do capital. A problemática se desenvolve em torno das seguintes indagações: em que medida se pode falar em crises do socialismo? Qual a natureza política do Estado soviético? Quais as possíveis relações entre as crises soviéticas e as crises do capital durante a Guerra Fria? Nesse sentido, o objetivo geral é compreender as implicações políticas da derrocada do “socialismo” soviético no contexto da Guerra Fria. Privilegia o estudo bibliográfico de caráter analítico-exploratório sob a orientação metodológica do materialismo histórico-dialético, apoiado nos procedimentos do “método regressivo” de Bloch (2001). O texto está ancorado nas ideias de Bettelheim (1979) sobre a natureza política do Estado soviético. Pressupõe que as crises das economias planificadas expressam as contradições estruturais do sistema mundial produtor de mercadorias que, nesse período, no campo das disputas comerciais internacionais, dividiu-se entre capital privado e capital estatal. Conclui que uma burguesia de Estado usurpou o poder soviético e se apropriou da mais-valia da classe trabalhadora, por intermédio da centralização político-econômica, por isso, essa experiência não se realizou enquanto socialismo, mas se configurou enquanto capitalismo de Estado.
Palavras-chave: Socialismo. Capitalismo de Estado. Crises do Capital.
Abstract: The article deals with the “end of socialism” in the context of capital crises. The problem develops around the following questions: to what extent can we speak of crises of socialism? What is the political nature of the Soviet state? What are the possible relationships between Soviet crises and the crises of capital during the Cold War? In this sense, the general objective is to understand the political implications of the collapse of Soviet “socialism” in the context of the Cold War. It favors a bibliographical study of an analytical-exploratory nature under the methodological guidance of historical-dialectical materialism, supported by the procedures of Bloch’s “regressive method” (2001). The text is anchored in Bettelheim’s (1979) ideas on the political nature of the Soviet state. It assumes that the crises of the planned economies express the structural contradictions of the world commodity-producing system which, in this period, in the field of international trade disputes, was divided between private capital and state capital. It concludes that a state bourgeoisie usurped Soviet power and appropriated the surplus value of the working class through political and economic centralization, which is why this experiment was not socialism, but state capitalism.
Keywords: Socialism. State Capitalism. Capital crises