Resumo: O presente artigo tem como objetivo principal apresentar a origem e relevância teórica do conceito de aprendizagem social para o modelo habermasiano de Teoria Crítica, inicialmente a partir da obra Problemas de legitimação no capitalismo tardio (1973), assumido como categoria articuladora do liame entre a teoria da evolução social e a teoria da sociedade desenvolvidas pelo autor na obra Para a reconstrução do materialismo histórico (1976). Partindo da introdução do conceito científico-social de crise, Habermas esboça os pressupostos da teoria da evolução social ancorada na aprendizagem social, que articula os conceitos de lógica de desenvolvimento e dinâmica do desenvolvimento para explicar a emergência dos princípios de organização que, por sua vez, determinam os limites da capacidade de aprendizagem de uma sociedade, especialmente do ponto de vista do surgimento de novas estruturas normativas, representando um momento decisivo da integração social pós-convencional. Fundamentalmente, discuto o problema da institucionalização dos processos de aprendizagem nas sociedades do capitalismo tardio, onde prevalecem os imperativos sistêmicos da burocracia e da economia reguladores da complexidade do sistema social, cuja consequência consiste na dificuldade de conceber a esfera pública como lugar da aprendizagem social orientada pelo procedimento discursivo de fundamentação normativa tradutora de interesses generalizáveis. Em Problemas de legitimação no capitalismo tardio, Habermas não apenas articula pela primeira vez os conceitos de sistema e mundo da vida, mas igualmente principia as críticas à tese fundamental e o argumento central vinculados à reconstrução do materialismo histórico como teoria da evolução social em Para a reconstrução do materialismo histórico.
Palavras-chave: Teoria da sociedade. Evolução social. Crise. Aprendizagem social. Princípios de organização social.
Abstract: The main purpose of this article is to present the origin and theoretical relevance of the concept of social learning for the Habermasian model of Critical Theory, initially based on the work Legitimationsprobleme im Spätkapitalismus (1973), assumed as an articulating category of the link between theory of social evolution and the theory of society developed by the author in the work Rekonstruktion des Historischen Materialismus (1976). Starting from the introduction of the social-scientific concept of crisis, Habermas outlines the assumptions of the theory of social evolution anchored in social learning, which articulates the concepts of logic of development and dynamics of development to explain the emergence of social organizational principles that, in turn, determine the limits of a society’s learning capacity, especially from the point of view of the emergence of new normative structures, representing a decisive moment of post-conventional social integration. Fundamentally, I discuss the problem of the institutionalization of learning processes in late capitalist societies, where the systemic imperatives of bureaucracy and economics that regulate the complexity of the social system prevail, the consequence of which is the difficulty of conceiving the public sphere as the place of social learning guided by the discursive procedure of normative reasoning translating generalizable interests. In Legitimationsprobleme im Spätkapitalismus, Habermas not only articulates the concepts of system and lifeworld for the first time, but also begins the criticism of the fundamental thesis and the central argument linked to the reconstruction of historical materialism as theory of social evolution in Rekonstruktion des Historischen Materialismus.
Keywords: Society theory. Social Evolution. Crisis. Social learning. Social organization principles.